Oi pessoal, semana passada fiz uma live com a Florinda Borges do @supermomsbr. Falamos sobre as crianças na pandemia. Acho esse assunto seríssimo, porque realmente estamos todos afetados por esse vírus, e temos consequências reais enormes nos jovens também.
Como seus filhos, netos, sobrinhos e amiguinhos estão? Você tem observado seus comportamentos durante esses últimos meses? Vamos falar um pouco sobre isso aqui:
Um ano de pandemia e das medidas de distanciamento social e as restrições, medos e inseguranças não passaram. Estamos vivendo um momento atípico na humanidade e precisaremos de muita saúde emocional e mental para lidarmos com constantes estados de pressão, ansiedade, estresse, medos e precauções, além de claro, muita resiliência por nossa parte. Essa mudança abrupta entre a vida que tínhamos antes e como estamos vivendo agora foi uma ruptura no convívio social mas também na forma como vivemos. E isso, depois de um ano, tornou-se “normalizada”.
Pais e crianças com convívio restrito à pessoas bem próximas da família. Trabalho home office, aulas online, adultos que precisam sair para trabalhar receosos, com medo, e com dificuldade de respirar por causa da mascara. Assim estamos vivendo hoje!
MAS COMO TUDO ISSO TEM AFETADO NOSSAS CRIANÇAS?
Especialmente as crianças mais novas não sabem como rotular e processar o que sentem. Muitas dessas restrições à pandemia são abstratas e as crianças têm dificuldade em entender isso. Fora isso, o senso de tempo que vivem é diferente de nosso senso de tempo como adultos. Eles vivem suas vidas em uma série de eventos: almoço, jantar, aula, aula de dança, jogo de futebol, festa de alguém.
As crianças precisam de informações e mídias confiáveis e apropriadas para suas idades, criadas para explicar a situação sem assustá-las ou estimular a ansiedade. Não adianta explicar pra criança de 6 anos o que nem um adulto tem facilidade para entender. O outro ponto é que a criança observa o adulto. Adulto preocupado, como a criança vai reagir? Portanto a principal preocupação que sempre reforço é: como você, adulto, tem reagido a tudo o que estamos vivendo? Tem se sentido estressado, preocupado, desanimado, com medo? Se sim, e não está conseguindo lidar com tudo isso, procure ajuda.
Bom, e os adolescentes? Em uma pesquisa recente da UNICEF (2021), foi constatado que todos esses desafios afetaram a saúde mental de adolescentes. Segundo a pesquisa, 27% dos respondentes relataram que adolescentes no domicílio apresentaram insônia ou excesso de sono, 29% relataram que os adolescentes tiveram alteração no apetite e 28% disseram que os adolescentes tiveram diminuição do interesse em atividades rotineiras. No total, 54% das famílias relataram que algum adolescente do domicílio apresentou algum sintoma relacionado à saúde mental.
Fora tudo isso acontecendo lá fora, ainda estamos lidando com uma mudança na questão dos eletrônicos dentro de casa. Aiiii as telas... nos salvaram para as reuniões constantes no trabalho, aulas online, atendimento médico pela telemedicina. Eu como psicóloga aumentei em 100% o número de atendimentos pela tecnologia.
Mas.....de acordo com um estudo divulgado pela SuperAwesome, empresa americana de tecnologia em mídia digital, crianças entre 6 e 12 anos passaram cerca de 50% do seu tempo de quarentena em frente a telas, ou seja, metade do dia. Os pesquisadores afirmam que o tempo gasto com celulares, tablets, computadores e a boa e velha TV, aumentou de duas a três vezes em relação ao consumo habitual.
Além de ocupar o tempo que antes pertencia às escolas e sem saber até quando isso vai durar, pais e cuidadores se viram diante da responsabilidade de manter os laços familiares e sociais das crianças vivos – sem contato presencial. Ver os avós apenas por videochamadas foi o que restou para muitas.
Mas antes disso, o alerta é devido ao fato de que as telas estimulam a produção de dopamina no corpo. A dopamina é um mensageiro químico, ou neurotransmissor, que atua no sistema nervoso central e está relacionado a funções como a regulação de emoções e o alívio da dor. Seu aumento pode causar dependência ou levar a dificuldades para dormir e transtornos de comportamento, em casos mais extremos.
Estudos apontam, ainda, que a exposição abusiva a telas pode atrasar o amadurecimento anatômico e funcional do cérebro em relação ao desenvolvimento da linguagem e atenção.
Veja o que os estudos vem demonstrando sobre o uso contínuo da tela:
· Dependência digital e uso problemático das mídias interativas;
· Problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão;
· Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH);
· Transtornos do sono;
· Transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia;
· Sedentarismo e falta da prática de exercícios;
· Bullying e cyberbullying;
· Transtornos da imagem corporal e da autoestima;
· Riscos da sexualidade, nudez, sexting, sextorsão, abuso sexual, estupro virtual;
· Comportamentos autolesivos, indução e riscos de suicídio;
· Aumento da violência, abusos e fatalidades;
· Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador;
· Problemas auditivos e perda auditiva induzida pelo ruído;
· Transtornos posturais e músculo-esqueléticos;
Portanto, nada como uma boa supervisão para entender como as crianças e jovens tem passado o tempo nas telas.
Como os adultos podem ajudar:
Os adultos podem tornar a situação mais fácil para as crianças de várias maneiras.
1) Converse com a criança ou adolescente. E depois dê às crianças a chance de responder. Ajude a criança a nomear os sentimentos. Você está triste. Você está com raiva. Você está chateado pelo fato de ficar em casa.
Isso vai ajudar a nós como pais também nomear nossos sentimentos e nossas frustações. Também temos e muitas vezes não nos damos conta de que precisamos entender o que estamos passando.
2) Criança precisa de rotina, estar em casa 24h às vezes nos faz nos perder. Criança sem rotina pode ficar ansiosa, pois a rotina organiza psiquicamente a criança. Explique como vai ser o dia, combine o dia, os horários de estudo, trabalho, alimentação, uso de eletrônicos, tenha momentos com a criança e separe alguns minutos do dia para se desconectar e simplesmente aproveitar o silêncio. Lembre-se que 10 minutos de extrema presença com a criança pode ser mais útil que 4 horas de brincadeira pensando nos e-mails que precisa enviar, na comida que precisa fazer etc.
3) Atenção ao que seu filho está vendo no computador. Encontros com desconhecidos online devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam) é responsabilidade legal dos pais e cuidadores.
4) Existem milhares de recursos e ferramentas maravilhosos que podemos usar para ajudar nessa conexão com as crianças e no bem-estar. Faça exercícios de respiração com seu filho. Ensine-os a respirar.
Fazer ioga, meditação ou ler livros que falam sobre sentimentos ajudam a criança a estar conectada com seus próprios corpos, reconhecer o que está sentindo e a aprender falar sobre eles.
E para terminar, vou ensinar alguns exercícios
BRINCANDO COM UM ESPANADOR OU UM PINCEL.
Coloque o seu filho sobre uma superfície confortável, peça para que feche os olhos e, em seguida, massageie-o e passe um espanador/ pincel por seus braços, rosto, mãos.
O ABRAÇO DE PELÚCIA
Este exercício é indicado para ajudar a relaxar os músculos das crianças pequenas. A atividade consiste em pedir que a criança inspire profundamente e abrace um bichinho de pelúcia (ou uma almofada pequena) com muita força.
Em seguida, você deve orientar a criança para que diminua a tensão dos braços pouco a pouco, ao mesmo tempo em que expira lentamente pela boca. O resultado desta técnica é um completo relaxamento muscular e mental.
EXERCÍCIO DE VISUALIZAÇÃO DE LUGAR AGRADÁVEL
Os exercícios de visualização são excelentes antes da hora de dormir caso seu filho esteja sentindo medo, ou caso tenha acordado por causa de um pesadelo.
Você guiará a atividade pedindo que feche os olhos, e vai começar a acariciar a testa da criança. Em seguida, começará a descrever locais, situações e objetos agradáveis, os quais ela deverá imaginar. Desta forma, a criança vai manter a atenção em coisas agradáveis e pouco a pouco se esquecerá do pesadelo.
E por último: Como estamos respirando? Muitas vezes nos damos conta de que nossa respiração está curta, ansiosa, pouco profunda. Ensine seu filho a respirar. Para isso, você vai precisar de uma flor e uma vela. Você gosta de cheirar uma flor? Cheire a flor puxando o ar e solte o ar apagando a vela. Use a imaginação para ensinar essas coisas simples para as crianças.
Bom, espero que esse texto tenha te ajudado. Mas mais que tudo: não se cobre tanto mamãe, papai, vovó, vovô. Nós também estamos passando por um momento de muitas duvidas e ansiedades. Não queira exercer o papel de super homem ou mulher maravilha. Não se pressione tanto. E caso precise, procure ajuda. Boas mães e bons pais possuem uma rede de apoio para ajudar quando necessário, seja um bom médico, um bom educador, um bom orientador parental, um bom psicólogo. Eu por exemplo tenho uma Acupunturista, uma psicóloga, massagista, amigos, parentes etc etc que estamos me ajudando no meu dia a dia. E você, como tem sido a sua rede de apoio?
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