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Como parar de repetir padrões e ser feliz

Foto do escritor: Carolina MirabeliCarolina Mirabeli

Juliana estava no segundo casamento e mesmo assim, não conseguia estar inteira nesse relacionamento. Ela fazia planos incríveis com o marido mas chegava na hora de realiza-los e ela sentia algo dentro dela a impossibilitava de estar feliz nas relações amorosas. Talvez vivendo um sentimento de: a vida é muito difícil, nunca poderei ser feliz em relacionamentos, “todos podem, menos eu”.

Em uma constelação familiar, ela se deu conta de que seus avós não “poderiam ter casado”, segundo a família da mãe, que era uma mulher de posses e o marido vinha de uma família pobre. Esse amor não poderia ter seguido em frente. Tinha tudo para acabar, dizia a mãe da avó.

Esse é um relato real de uma constelação familiar (relato autorizado pela cliente). Como ser feliz em um relacionamento 100 anos depois, tendo isso como base familiar? Ela dizia que sentia uma força invisível que a fazia tomar decisões inconscientes que sempre direcionavam as relações para o fim. E veja que essa sensação se estendia também para relações de amizade, vida profissional, saúde etc. “Era uma sensação de que tudo sempre acabaria em algum momento e eu precisava me preparar para o fim”, dizia ela.

Como psicóloga e Consteladora sistêmica, é muito comum participar de histórias parecidas a essa. Criam-se planos cheios de beleza e potencial, mas por algum motivo, parece não acontecer, não cresce. Ou quando cresce, tende ao fim, a desmoronar. Observo muitas pessoas com um potencial incrível de uma vida saudável e prospera, indo atrás de relações profissionais e afetivas que sempre parecem sinalizar um ponto final.

Veja isso, nós temos dentro da gente uma série de programas como se fossemos um computador. Esses programas vem de nosso sistema familiar e das interações que tivemos ao longo da nossa vida. Assim como o DNA que contem as informações biológicas da nossa família, o sistema contem todas as informações emocionais, histórias de sucessos e fracassos ao qual estamos inseridos. E isso se une às nossas histórias, aos êxitos e fracassos que também tivemos ao longo da infância, da adolescência, da idade adulta. Esses sucessos e fracassos formam dentro da gente uma rede de informação que vai conduzindo a gente aos nossos ideais, carregando essa mochila emocional. E muitas vezes, buscamos o fracasso para honrar esse sistema que já esta formado dentro de nós.

Muitos desses programas irão nos direcionar a situações difíceis onde honraremos com o sofrimento, perdas, exclusões ou dores emocionais que ocorreram no nosso passado familiar.

Esse exemplo relatado acima fala sobre uma relação amorosa que foi determinada como “não possível, fadada ao fim”. Uma relação que aconteceu, não finalizou, não concretizou o fim que era esperado pela família da mãe, mas que deixou marcas profundas na história dessa família, hoje sendo representada por minha cliente que observava estar sempre esperando o término de suas próprias relações. Qual relação havia entre o que ela sentia hoje e o que sua avó sentiu anos atrás? Veja, a cliente não conhecia essa história. Não era algo contado na sua família, mas que ela vivia intensamente na sua pele. Da mesma forma, é comum trazermos em nosso sistema interno as cargas sistêmicas de situações traumáticas, como abortos, perdas de filhos precoces, separação entre pais e filhos, golpes e desfalques, violência, manipulações diversas, exclusões de pessoas da família etc. etc. etc.

Não cabe a nós qualquer tipo de julgamento sobre essa situação. Apenas uma observação direta de como nossa vida é afetada direta e indiretamente por situações que aconteceram lá atrás e que por algum motivo, vem se perpetuando na nossa vida. A questão não é aceitar ou não aceitar o que aconteceu na nossa história familiar e sim honrar todos que vieram e que fizeram o que era possível com suas vidas, baseado também nesses históricos familiares e crenças e padrões do sistema.

Bom, mas nesse caso, a cliente tomou CONSCIÊNCIA de algo que afetava sua vida amorosa. O que acontece agora?

Quando tomamos consciência de algo, olhamos para isso de uma maneira ampla, não mais só impactado ou permeado por vertentes da historia. Olhamos de maneira sistêmica, de cima, e abraçamos nosso passado. Tambem fizemos o que era possível com as ferramentas que tínhamos naquele momento. Com consciência, é mais fácil lidar com os desafios diários porque passamos a ser autores da historia e não mais meros reprodutores de algo que não nos faz bem.

Sair do piloto automático te permite começar a construir uma vida mais feliz e saudável para você.

Como fazer isso? Aqui vão algumas dicas para você observar e analisar:


1 aprender a identificar o padrão. Pergunte-se: em que área da minha vida estão ocorrendo as mesmas situações, que não desejo mais? É no trabalho? Na saúde? Nos relacionamentos amorosos? etc.

2 aprender a identificar a emoção interna predominante. Qual emoção predomina quando penso nessa situação e nesse padrão?

3 permitir-se incluir a emoção, o mal-estar, até que esta energia se dilua. Aí é preciso coragem, porque você irá identificar medo, raiva, ciúme, inveja, ganância, soberba, orgulho, avareza… tudo isso faz parte de você e do seu passado familiar, e para que isso pare de fazer efeito em si, é importante olhar de frente, sem negações, sem mi-mi-mi nem autoflagelo… e deixar passar…

4 mudar os hábitos e atitudes que atraíram a repetição do padrão negativo. Aprender a focar na luz, projetar o crescimento e as situações de paz, e ir atrás disso, deixando as coisas antigas para trás.

5 honrar e reverenciar os pais e os antepassados, sabendo incluir todas as dores que eles lhe trouxeram, sem pintar de cor de rosa, mas transcendendo o incômodo emocional, até se conectar com a luz e força que também vem dos mesmos pais e passado familiar. Honrar e reverenciar os pais e a família é um processo interno; não tem nada a ver com estar grudado na família, interferindo e deixando ser manipulado. A conexão profunda com a família traz liberdade, e é um processo terapêutico, espiritual e alquímico, que precisará de tempo e perseverança. Vamos lá, coragem!

Ao largar os padrões que nos unem ao peso sistêmico da família, nos abrimos para receber a força, os dons e a intuição que também vem das raízes familiares.

E para terminar, vamos fazer essa visualização:

Feche os olhos, inspire e expire. Imagine-se num lugar bonito, confortável. Um lugar que representa a paz para você.

Observe você à sua frente, com uma luz radiante em volta de voce. Observe essa luz. Veja se ela tem cor.

Agora olhe para seu pai. Agradeça a ele pela vida que te deu. Ele te deu a vida. Isso é muito.

Olhe para a sua mãe. Agradeça a ela pela vida que te deu. Ela te deu a vida. Isso é muito.

Agora repita olhando nos olhos dele.

Eu recebo a vida, tal como ela é e a tomo em meu coração. Eu sou livre para fazer o meu caminho, do jeito que eu quiser, agora sem a interferência dos padrões que recebi ao longo da minha história. Eu faço isso porque sou livre. E agradeço.

Sinta a paz invadir o seu coração e abra os olhos.

Se foi difícil fazer esse exercício, pode ser que exista algo que esteja prejudicando essa liberação e que ainda precisa ser olhado dentro de você. Procure ajuda de um profissional que te ajudará nesse processo.

Seguimos em frente. Gratidão.



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